Metadados
Contributor
Iolanda Rebêlo (ou Yolanda Rebello) | Yvete Vasconcelos e Maria Amélia Medeiros
Coverage/Location/Extension
Rio de Janeiro (RJ) | Brasil
Format
Teatro
Type
Companhia
URL
in: Diário Carioca (RJ) de 27/10/1946
Creator
Teatro da Sociedade Pestalozzi (Coordenação de Teatro de Sombras)
Title
A Galinha Ruiva, Os Três Ursinhos, O Jaboti e a Flauta, Três Porquinhos e Dona Baratinha e João Ratão, então em preparação (in: o Diário Carioca (RJ) de 27/10/1946)
Item Number
0086
Description
O relatório do primeiro quinquênio de funcionamento da Pestalozzi do Brasil revelou que lá houve um intenso movimento em termos de atividades que incluíam: trabalhos manuais, desenho, música e teatro. O item sétimo, dentre os dez serviços descritos como sendo os que eram prestados pela instituição no período citado, esclarece o que se praticava na Pestalozzi do Brasil sob a denominação Recreação Infantil, conforme trecho a seguir: a) Teatro de Bonecos (num total de 70 peças, foram encenadas 29 em Fantoches, 25 em Sombras, 14 em Marionettes e 2 em Teatro de Máscaras. Representações realizadas na sede, em Instituições de Assistência à Infância e Associações culturais e aniversários). b) Festivais Infantís (dois por mês) c) Bandinha Rítmica (Ensaios semanais, contando 25 músicas instrumentais) Demonstrações em festivais bimestrais e em associações Culturais. d) Biblioteca Infantil. e) Atividades artísticas para crianças (Trabalhos manuais Teatro desenho) (Boletim Sociedade Pestalozzi do Brasil, julhodezembro, 1950, p. 2).||Os Teatros de Bonecos, de Sombras, de Máscaras estavam incluídos na categoria Trabalho Manual e Artesanal, por se considerá-los pertencentes a uma atividade ampla, que além de criativa na inventividade interpretativa, envolve os fazeres técnicos dos cenários, do palco, dos figurinos, das máscaras etc.. No texto Alguns fundamentos psicopedagógicos dos trabalhos manuais, com alunos de anos, Antipoff apresentou a importância dos cursos vocacionais e do trabalho manual nessa fase do desenvolvimento humano, destacou o teatro como uma possibilidade de um projeto educacional vocacional: Um Teatrinho de Bonecos esplêndido assunto para um projeto além de tudo que a confecção do palco, dos cenários, dos personagens, da indumentária, da cortina, dos apetrechos, dos efeitos cênicos etc., leva o aluno à dramatização da invenção ou adaptação da peça por eles mesmos escolhidos, a uma variedade infinita de atividades e de funções, pondo em plena ação a infinidade de aptidões individuais, a imaginação, a memória, a arte musical, dramática, pintura, modelagem, costura, decoração, invenção de ordem mecânica, pirotécnica, habilidades mil que surgem no grupo dos adolescentes brasileiros com um brilho prodigioso e surpresas agradáveis por descobrir verdadeiros talentos. A oficina do Curso Vocacional nunca é mais preciosa como nesta preparação, inclusive a tecelagem, a impressão dos tecidos, a tipografia na confecção programas, etc. etc. enfim, toda a ferramenta e todas as bancas ao serviço de um projeto tão ao sabor do adolescente, quando sabiamente conduzido (ANTIPOFF, 1992b, p. 331).||As atividades artísticas oferecem imensos recursos na reeducação dos clientes das clínicas psicológicas, não rara vez, revelando-se nelas grandes capacidades para pintura, escultura e modelagem, música, dança, etc. A bandinha rítmica mantém nas crianças, guiadas por uma habilidosa educadora, uma atenção prolongada e uma disciplina salutar. [...] O teatro (em seus gêneros variados, desde o de bonecos fantoches, marionetes, sombras chinesas, máscaras, pantomimas, silhuetas, o teatro verdadeiro ou dramatização singela e improvisações) em equipes constituídas para todos os gostos e aptidões individuais, oferece um campo vasto e fértil de atividades construtivas para os objetivos da Clínica Psicológica (ANTIPOFF, 1992b, p.352).||O Teatro de Bonecos da S.P.B. nasceu com a fundação desta Sociedade em 1945, quando foi trazido do Instituto Pestalozzi de Belo Horizonte por Elza de Moura e um grupo de colaboradoras. Os conhecimentos rudimentares pois o teatrinho de fantoches daquele Instituto ainda estava pouco desenvolvido, foram transmitidos a Maria Amélia Medeiros, que, auxiliada por algumas colaboradoras, entre elas Célia Rocha Braga que se encarregou da parte de cenários e confecção de cabeças, de início, formou o primeiro grupo de Teatro de Fantoches da S.P.B.. Desde esta data viemos, ininterruptamente, desenvolvendo o teatro da S.P.B.. Outras modalidades surgiram e, atualmente, temos organizado os seguintes grupos de Teatro: Fantoches Sombras Marionetes Máscaras Infantil (crianças (fantoches [...] (PEREIRA, 1945, p. 9)||Tenho visto no cinema o jornal sôbre a semana da criança, aí no Rio, com os fantoches e o teatro de sombras apresentando os Três porquinhos. Mais de uma vez vi essa notícia no cinema, em dois diferentes jornais. [...] Um abraço da Elza Belo Horizonte, 24/2/1947 (MOURA, correspondência de Elza de Moura enviada à Helena Antipoff, datada de 24 de fevereiro de Arquivo do Memorial Helena Antipoff- CDPHA-FHA).||O Teatro de Bonecos de três modalidades: o de Fantoches, o de Sombras e o de Marionetes. Cada um possui suas características, não só se distinguindo pela parte técnica, como pelo gênero de peças apropriadas. Assim o Teatro de Sombras presta-se muito ao gênero maravilhoso, pelo encantamento que se desprende do seu cenário luminoso e de suas figuras efêmeras. Tratando-se de crianças pequenas, as Histórias de Bichos, sempre de sua predileção, podem ser aproveitadas para seus espetáculos da maneira mais feliz possível. [...] Os Fantoches, ou Bonecos de Luva, são de compleição mais robusta. De cabeça volumosa, porém oca, via de regra, para o gênero burlesco e francamente vulgar. [...] O teatro de Marionetes é o mais plástico de todos. Movidos por meio de fios, seus Bonecos articulados se prestam ao mais variado e complexo repertório. Os Piccoli italianos têm conseguido levar óperas inteiras às platéias mais exigentes do mundo (ANTIPOFF, 1992 b, p ).||Para falar sobre as transformações ocorridas no teatro de bonecos brasileiro no século XX, faz-se necessário primeiramente esclarecer que existe uma lacuna de informações sobre as atividades titeriteiras até 1946, ano em que, segundo Lacerda (1980) e Amaral (1994), surgiu no Rio de Janeiro um movimento educativo e cultural que indiretamente repercutiu no teatro de bonecos de todo o país. Esse movimento teve início com uma série de cursos e oficinas e intercâmbio entre artistas e intelectuais brasileiros e europeus, promovidos por Helena Antipoff. Ela fundara, em 1945, a Sociedade Pestalozzi do Brasil e acreditava no grande alcance desta linguagem, como ferramenta na área educacional, seguindo uma tendência mundial da nova corrente de educação pela arte - na época uma novidade. Foram os primeiros cursos que se têm notícias no Brasil e, embora não fossem inovadores, tiveram o mérito de trazer informações básicas sobre a história, a maneira de se fabricar uma empanada, cenários, a confecção e manipulação de bonecos de luva, vara e teatro de sombras. Desse movimento, surgiram no Rio de Janeiro vários grupos, que por sua vez influenciaram na formação de outros, em Recife, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Uma nte em todos eles era a dedicação quase exclusiva ao público infantil (BELTRAME; SILK, 2009, p.2).||Ora, como podia eu decepcionar toda essa gente? Antes de fazer jornalismo, de escrever, eu desenhava, tendo feito estudos de pintura, artes gráficas, decoração. Já escrevendo, ilustrava meus próprios artigos sobre teatro, dança, moda. Tinha jeito para trabalho manual. E fui aprendendo, praticamente tudo junto com os alunos, entre os quais apareceram, dentro em breve, valiosíssimos colaboradores, tal o químico professor Washington Pinto que teve grande êxito fazendo soltar nuvens de fumaça a um boneco que fumava charuto, Lucia Bentes e Alice Ribeiro que levaram adiante o setor de teatro de sombras, Edna Gama Robinson, que aos poucos, foi tomando conta dos fantoches de luva. Eu cuidava em particular dos marionetes a fio, das máscaras, além da coordenação de espetáculos combinando vários tipos de figuras. Fazíamos apelo a escritores, compositores, comediantes, cenógrafos, e todos acudiam: graças a Cecília Meirelles, Luiz Cosme, Martim Gonçalves, Anísio Medeiros, graças ao professor Beltran, ao senhor Pedro, seu assistente na oficina de carpintaria, graças à pintora Célia Rocha Braga, já antes da minha chegada empenhada em experiências com fantoches, com participação da ainda mocinha Maria-Clara Machado, os nossos espetáculos atingiram nível apreciado até pelo grande marionetista italiano Vittorio Podrecca, diretor do Teatro dei Piccoli de passagem pelo Rio. As peças: O Auto do Menino atrasado e A Náu Catarineta com música de Luiz Cosme. Naquela época, o teatro de figuras conhecia surto extraordinário na Inglaterra e na França, com apóio de teatrólogos do tamanho de Gordon Craig e Gaston Baty, na Suiça com o famoso Théâtre des Marionettes de Genève dirigido por Mercelle Moynier, e suas fontes folclôricas ainda estavam bem vivas (Augusto Rodrigues)||No meu livro O TEATRO NA ESCOLA publicado muitos anos atrás pela Editora melhoramentos (já esgotado, porém disponível na Biblioteca da SPB) encontram-se sugestões para construção de vários tipos de palcos, confecção e manejo de bonecos, máscaras, sombras. [...] Seja lá como for, teatro será sempre, como sempre foi, atividade coletiva, coordenação de arte, artesanato, som, imagem, palavra, movimento, tendo por fim um espetáculo capaz de criar ambiente de comunicação entre indivíduos isolados. [...] (OBRY, Olga, 1994)||Para a Revista do Instituto Internacional de Teatro entreguei algumas fotografias das nossas atividades dramáticas para serem publicadas no próximo número, dedicado a Teatro e Juventude. Espero poder mandar-lhe uma cópia. Para uma revista parisiense fiz um artigo sôbre sombras chinesas que deve sair na época de Natal. (OBRY, correspondência de Olga Obry enviada à Helena Antipoff, datada de 28 de setembro de Arquivo do Memorial Helena Antipoff- CDPHA-FHA)||No Leme, tudo corre normalmente. Ontem tivemos o encerramento do 5º Curso de Recreação Infantil. [...] Houve a apresentação dos 3 teatros: sombras, fantoches e máscaras. No teatro de sombras foram introduzidos os cenários pintados o que vem facilitar grandemente o trabalho de confecção de peças. A peça Os meninos de Bremen agradou pela música e cenários. A execução fraca, dado o pequeno número de ensaios e a falta de prática das participantes. O teatro de fantoches foi bom e o de máscaras, extraordinariamente, bom.||Nesse cenário, Helena Antipoff, juntamente com os colaboradores, especialmente Augusto Rodrigues, contribuíram efetivamente para a afirmação da arte na educação como um caminho possível de formação humana. Poderíamos considerá-la uma das precursoras do movimento de educação pela arte no Brasil, e principalmente do teatro na educação. A educadora percebeu nessa atividade, essencialmente coletiva e de expressão corporal, fosse de bonecos, de máscaras ou de sombras, um dispositivo de interação entre o ser e o mundo.||in: ALMEIDA, Marilene Oliveira. O ENSINO DE ARTE EM MINAS GERAIS (1940-1960): diálogos e colaborações entre a arte e a educação nova. UFMG, Belo Horizonte, agosto de 2013.
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Teatro da Sociedade Pestalozzi (Coordenação de Teatro de Sombras)
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Rio de Janeiro (RJ) | Brasil