Descrição
Fundador do Teatro de Bonecos do Gepeto, diretor e criador do grupo, Oscar Goldszmidt Don (Montevidéu, 05/12/1936 - Sorocaba, 19/02/2024), deixou a carreira de Engenharia para dedicar-se à sua vocação de ator aos 67 anos. Começou com oficinas e interpretações em teatros em Sorocaba, entre as quais foi Gepeto, o pai de Pinóquio, em uma peça de atores e marionetes.
Cursou Teatro de Bonecos na Oficina Cultural Grande Otelo de Sorocaba onde criou a peça A Princesa e o Sapo, dos Irmãos Grimm, com garrafas de refrigerante Pet e formou um grupo que levou a montagem à escolas da rede municipal de Sorocaba.
Durante três anos, Oscar foi Coordenador de Teatro da Oficina Cultural Paulo Betti de Araçoiaba da Serra. Cursou a Oficina Permanente de Teatro de Animação da Cia Truks. Participou de oficinas com o marioneteiro Roger DuPen, o titiriteiro argentino Guillermo Bernasconi, e vários bonequeiros do Brasil e de outros países.
Fez os cursos de Teatro de Animação I e II e o Curso de Mímica I no Centro de Artes Cênicas da ECA da USP. Participou do VI Congresso de ABRACE de mestres e doutores de Artes Cênicas de todo Brasil. Integra o Grupo de Investigações de Processos de Animação Contemporânea na USP.
O Grupo escreveu um artigo em forma coletiva titulado; “Corpos perecíveis: processos de animação para além dos códigos analógicos”. Outra pesquisa de Oscar, esta individual, que propõe um teatro de animação sem bonecos, sem formas animadas e sem objetos, trabalhando somente com os quatro elementos essenciais e energias físicas, foi aprovado para apresentação num evento internacional da UNIMA, União Internacional de Marioneteiros, Estados Unidos, na Universidade de Connecticut em Abril de 2011.
Levando a prática toda esta trajetória, Oscar coordenou uma Oficina de Manipulação e Animação de Bonecos na Oficina Cultural Grande Otelo, e junto à Julio Scandolo, ministrou oficinas em Iperó e Porto Feliz para educadoras de Creche, Pré-escola e Ensino Fundamental.
Com Júlio Scandolo integrado ao Grupo, se realizaram duas temporadas em Sorocaba e Região com a peça “Pipocando com Pinóquio” com 44 espetáculos e 5.500 espectadores, patrocinados respectivamente pela Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba e pelo ProAC de São Paulo.
Em 2013 integrou-se ao Grupo o bonequeiro Daniel Camargo, que já participa dos ensaios de uma nova versão da montagem de A Princesa e o Sapo, de autoria de Júlio Scandolo. A peça integrou projeto aprovado pelo PROAC de estímulo à leitura em Bibliotecas Municipais de Sorocaba e região. Volta-se para a marioneteterapia, que estuda e desenvolve junto a crianças com problemas cognitivos e motores.
Em uma carreira meteórica, apesar de tardia, tornou-se – de aprendiz – bonequeiro e ator, diretor, artista, professor, terapeuta e mestre. Formou jovens, que se profissionalizaram como bonequeiros, e chegou a integrar, simultaneamente, cinco grupos de Teatro,: de jovens, de terceira idade, de crianças de rua, de Bonecos. Em 2021, aos 84 anos, lançou o seu primeiro livro, Fuga e Sobrevivência: a saga de sua família, sob as garras do Holocausto. Aos 87 anos – em 19 de fevereiro de 2024 –, falece, vítima de múltiplas complicações de saúde. Deixou viúva, quatro filhos e sete netos; o seu livro; a sua participação – como ator – no filme O Monge de Ipanema, de Pércia Expen, como última obra, e um legado do mais profundo amor ao Teatro, à família, ao próximo e à vida, bem como um exemplo marcante de coragem, determinação e fé no Teatro de Bonecos.
