Descrição
O grupo de “Mamulengo Flor do Cafezal” surge a partir dos desafios ambientais contemporâneos. Quais espaços de arte promovem a sustentabilidade? Como manter um discurso voltado à qualidade ambiental, tendo o trabalho artístico dependente de espaços de alto gasto energético? No caminho desses questionamentos o grupo volta sua atividade artística ao meio rural, sediando-se na zona rural cafeeira do sul do estado de Minas Gerais, no município de Guaxupé, no território Fazenda Tulha, e na zona rural da serra gaúcha no município de Morro Reuter-RS, no Espaço de Residência Artística Vale Arvoredo, territórios geridos, respectivamente, por Vitor Ribeiro e Carolina Garcia. Nesse caminho, o diálogo com os agroecossistemas para a potencialização do acontecimento teatral se torna indispensável. As referências artísticas se transformam, e a cultura tradicional dos espaços rurais surgem como detentoras de soluções para a construção de qualidade artística e ambiental, como as folias de reis e o mamulengo.
Nessa situação, a noção de agricultura é modificada, onde agricultura não apenas o cultivo das plantas, mas também uma rede de experiências humanas que surge ao redor das plantas. Cultivamos e somos cultivados, cultivamos nosso meio ambiente e somos cultivados por ele. Por isso a importância de vincular a produção artística à qualidade ambiental, para que esta promova a qualidade de vida. A sensibilidade às relações ecológicas modificam o olhar estético no fazer teatral do grupo, com desdobramentos em dança, teatro e educação somática. O tradicional centro cênico do “ator que manipula o boneco” se desfaz, para dar lugar ao olhar ecológico da cena, potencializando-a a partir das relações energéticas operantes, a dramaturgia emerge como uma complexa trama relacional.
Atualmente, o grupo, composto por Carolina Garcia e Vitor Ribeiro, possui quatro trabalhos teatrais voltados à espaços públicos e democráticos. “O Bicho, O Pinheiro e a Festa”, “O Agricultor e a Floresta”, e “O Sumiço do Presépio” são três espetáculos de teatro de boneco de luva referenciados no Mamulengo; enquanto o espetáculo “Peixe Grande” é um teatro em miniatura, em formato de caixa de Lambe-Lambe.
